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Foto do escritorLigia Estanqueiros

Coronavírus (Covid-19) e Psicanálise

Emergência, urgência, catástrofe, desastre, tragédia, calamidade, número de mortes, trauma e morte. Desde o surgimento do coronavírus estes significantes assombram e aparecem nas redes sociais, jornais e televisão.

Cada um deles aponta, para um pedido de resposta rápida, um tempo que não pode ser perdido, caso contrário, vidas serão perdidas. As questões de vida e morte imperam nesses tempos difíceis.



Nessa mesma velocidade, cresce o número de pedidos de atenção psicológica, diante do impacto emocional sem precedentes, no qual se luta contra um inimigo invisível criando uma sensação de risco onipresente. E de que todos, sem exceção, em algum momento, podem se ver afetados. Diante de algo novo, traumático, que leva o sujeito a se confrontar com as questões básicas de vida e morte, inaugura-se uma crise na qual imperam mais dúvidas que certezas. E é normal que ninguém saiba como reagir e que nestes momentos haja medo, insegurança e uma angústia generalizada.

A chegada do Coronavírus impactou de diferentes maneiras para cada pessoa. Isto é, cada sujeito foi acometido, de acordo com o funcionamento, mecanismos de defesa, entre outros aspectos de sua estrutura psíquica.

Um evento traumático é um momento inaugural, algo que surpreende e deixa inscrições no psiquismo, já que, possivelmente, não haja nenhum registro imaginário ou simbólico que possa responder a este novo que surpreende. Por isso, a sensação de desamparo e desorganização, já que a tendência é a busca por referências simbólicas, por um conhecido, para driblar a sensação de descontrole. Cada sujeito vai responder de forma subjetiva com aquilo que lhe surpreende, isto é, com o trauma. O sujeito vai lidar com a pandemia de acordo com os recursos fantasmáticos do seu inconsciente. Por isso vemos tantas pessoas regidos pela pulsão de morte (Tânatos) e pela denegação, que se colocam em perigo e não respeitam o distanciamento social e não fazem uso de máscara. Enquanto outros, regidos por Eros, buscam preservar a vida, aquilo que temos de mais valioso, e respeitar as orientações indicadas pela Organização Mundial da Saúde.

Portanto o mal-estar provocado pela Pandemia do novo coronavírus, manifesta-se através de vários sintomas que afetam o ser humano na atualidade. Medo, angústia, estresse e colapso, são alguns dos sintomas que atingem a saúde mental da população diante do risco de contaminação e morte. Guardar distância corporal, higiene e evitar aglomerações é a orientação global dada pela Organização Mundial da Saúde. A questão que convoca a psicanálise está relacionada com a acolhida à dor e à incerteza do indivíduo, nos seus modos de sentir, pensar e agir perante o Covid que tomou conta do planeta.

A psicanálise assim vem a oferecer um modelo contemporâneo de intervenção através da escuta, aplicando um olhar profundo à individualidade do ser humano em seus aspectos inconscientes, de um fenômeno crítico como a pandemia do covid-19. É um intérprete da angústia provocada pelo desamparo original e pelo isolamento social que se manifesta em sintomas de ansiedade, irritabilidade, intolerância, apatia, angústia e surto, entre outros tantos sintomas.



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